Calma! Tudo jamais voltará ao 'normal'!

Calma! Tudo jamais voltará ao 'normal'!

Esqueça! Nada mais será como antes. E irreversivelmente!

Esqueça! Nada mais será como antes. E irreversivelmente!

Publicada há 3 anos


MINUTINHO

Calma! Tudo jamais voltará ao "normal"!

Por Clarius

Há mais de 2000 anos, Jesus Cristo passou pela Terra tornando cada qual de seus atos uma lição para a humanidade. Dentre tantas, ensinou-nos a “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, resumindo na frase todos os dogmas filosofais e religiosos. E o que fazemos hoje com suas lições e seu sacrifício? Como aproveitamos esta sua “recomendação”? Ao invés de idolatramos Deus, preferimos personagens televisivos, esportistas, políticos e influencers digitais e, sem ajudar “o próximo”, ainda concordamos que nossos governos gastem US$ 1,9 trilhão de dólares na indústria de guerra, recurso mais que suficiente para sanar quase todas as mazelas do planeta.

Moisés prescreveu os Dez Mandamentos, recebidos aos pés do Monte Sinai como um conjunto de princípios éticos, comportamentais e religiosos muito apropriados para a época e que são utilizados por muitos credos até hoje, sendo dentre eles, o mais básico o “não mataras”. E hoje, decorridos mais de 3.500 anos, o que fazemos com o Decálogo? Somente no Brasil, em 2019, 41.635 de nossos irmãos e irmãs são vítimas de mortes violentas. Ao seja, de quase nada valeram.

Há pouco mais de 200 anos, o educador francês Alan Kardec pregava que “fora da caridade não há salvação”, estabelecendo essa conduta como a base para a doutrina espírita. Pois nós, em pleno ano 2020, assistimos corruptos desviarem US$ 3,6 trilhões mundo afora. R$ 200 bilhões no Brasil (dados de 2018) em ações diametralmente opostas a pregado pelo doutrinador.

O filósofo grego Platão já nos recomendava a pratica da justiça como uma das principais virtudes do ser humano, vendo-a como uma forma do cidadão exercer retamente sua profissão, fundada nos mais nobres princípios da alma e colaborando para o bem coletivo. Cerca de 2.600 anos se passaram desde então e temos mais de 12 milhões de brasileiros desempregados (quase 200 milhões no mundo). Como falar, então, na prática da justiça platônica a essa multidão desatendida na mais básica necessidade para a sobrevivência?

Siddhartha Gautama, fundador do budismo e que viveu no século VI a.C. no norte da Índia, recomendava manter a mente serena e nutri-la com pensamentos positivos para praticarmos boas ações e atingirmos a felicidade. Oito mil anos decorridos, podemos chegar, com a pandemia, a 265 milhões de pessoas passando fome ao redor do mundo. Como fazê-los nutrir pensamentos e ações positivas e obedecer a seu ensinamento nessa lastimável condição?

O mineirinho Chico Xavier ensinava-nos presencialmente até há pouco tempo, dentre outras preciosas lições, que devíamos aprender a pratica do perdão como condição primária de evolução pessoal. Mas continuamos quase que absolutamente incapazes de seguir sua recomendação. Do núcleo familiar, no qual o perdão deveria ser uma rotina, até às relações sociais e profissionais, mostramo-nos cada vez mais incapazes de anular o sentimento de vingança (que nos torna felizes momentaneamente) e adotar o perdão (que nos faz feliz permanentemente).

A albanesa Madre Teresa de Calcutá, naturalizada indiana, Nobel da Paz em 1979, exemplificou-nos como dedicar toda uma vida a serviço dos mais pobres, fundando uma congregação humanitária que hoje chega a 139 países. Mas só no Brasil, em pleno século XXI, 28 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 140,00 por mês. O 1% mais rico do país ganha 33 vezes mais que metade da população pobre. Será que as beneméritas ações da madre em nada influenciam essa privilegiadíssima casta social, incapaz de repartir suas fortunas ou, ao menos, ajudar a proporcional melhores condições de vida aos menos favorecidos?

Pois é esse mundo, com essas mazelas e muitas outras (violência urbana, racismo, xenofobia, sistemas de saúde, habitacional e de segurança pública falidos, sistema político vicioso, autoritarismo e criminalidade) que você quer reencontrar pós-pandemia?

Esqueça! Nada mais será como antes. E irreversivelmente!

Ausência de mudanças seria menosprezo total aos esforços dispendidos pelos milhares de agentes de saúde – de médicos até motoristas de ambulâncias – que estão lutando contra o vírus em instalações hospitalares precárias (muitos dando a vida); seria menosprezar os milhões de empresários – de grandes a pequenos – que, obedecendo às determinações  sanitárias, fecharam seus estabelecimentos, perdendo renda e patrimônio, sendo que muitos sequer tornarão a reabri-los; seria invalidar os esforços físicos e mentais de milhares de cientistas e pesquisadores que se dedicam a buscar uma cura total ou parcial, preventiva ou posterior, a esta peste mundial.

Voltar ao normal seria inutilizar todas as dores de milhões de famílias mundo afora e milhares no Brasil que choram a morte de seus ascendentes e descendentes e de muitos mais que passaram por drama similares e, graças a Deus, sobreviveram.

Em nome da evolução da humanidade, do planeta, da natureza e, principalmente, de um Deus que a tudo dirige, trilharemos para futuros dias muito melhores, onde as mazelas sociais, se não extinguidas, minoradas serão; onde a felicidade deixará de ser instantânea e passará a ser permanente; onde estes que hoje se sacrificam, choram e honram a humanidade, triunfarão em gozos infinitos, repartindo e compartilhando, suas virtudes e seus bens com seus semelhantes.




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