CRISE

Pandemia muda tradições e fernandopolenses desistem dos ovos de Páscoa

Pandemia muda tradições e fernandopolenses desistem dos ovos de Páscoa

Consumidores salientam que não pretendem presentear familiares com chocolates; endividamento e desemprego são as principais queixas

Consumidores salientam que não pretendem presentear familiares com chocolates; endividamento e desemprego são as principais queixas

Publicada há 3 anos

Breno Guarnieri

Em um supermercado na zona norte de Fernandópolis, a garçonete Renata Nunes, 39 anos, procura entre centenas de ovos de chocolate pendurados sobre sua cabeça alguma opção para presentear seus familiares. Após alguns minutos, acaba desistindo.

“Está tudo (ovos de chocolate) muito caro. Estou endividada, tenho que priorizar o pagamento das dívidas”, destaca.

Com o dinheiro mais curto, fernandopolenses acostumados a comprar ovos de chocolate na Páscoa para amigos e familiares estão abandonando o hábito devido ao aumento dos preços em meio à crise econômica, provocada pela pandemia do novo coronavírus. O comércio local, segundo apurou a reportagem, já se prepara para vendas menores em 2021.

Entre os que não pretendem comprar presentes e chocolates está o professor Ademir Azevedo, 37 anos. “Não há dúvidas de que estamos em crise e os principais motivos para não comprar, neste ano, são vários, como orçamento apertado e contas atrasadas”, salienta o professor.

Para a estudante Amanda Laís, 26 anos, a Páscoa, em 2021, está parecendo uma data muito remota. “Páscoa? Que Páscoa? Ninguém está pensando em comprar chocolate, em reunir a família, em dar ovos de presente. Completou-se um ano de pandemia e a crise financeira das famílias só aumentou. Eu, por exemplo, estou sem emprego”, resume.

Novas Estratégias

Para os microempreendedores, o momento pede novas estratégias de venda, reorganização da equipe de produção e reforço no sistema de delivery.

A falta de contato entre os membros da família durante o período de isolamento social também é um dos fatores causadores da redução das vendas. Gilmara Santos, 41 anos, explica que muitas pessoas tinham o costume de comprar grandes quantidades de ovos de Páscoa para presentear a família, o que não deve acontecer neste ano.

Gilmara visando interromper a distância, aposta no sistema de delivery para não perder muito a demanda. “É a quarta Páscoa que estou vendendo ovos de chocolate. Vou adotar pela primeira vez o sistema delivery. Eu sei que, neste ano, vou vender bem menos do que o costume. As pessoas estão com muita dificuldade financeira, mas espero vender o suficiente para manter o meu negócio para o ano que vem”, finaliza.


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