A menina e o cão

A menina e o cão

O conto de uma criança deficiente ao escolher seu cãozinho

O conto de uma criança deficiente ao escolher seu cãozinho

Publicada há 2 anos

MINUTINHO

Mensagem de um homem simples

Por: Meimei

 Passaste por mim com simpatia, mas quando me viste os olhos parados, indagaste em silêncio porque vagueio na rua. Talvez por isso escutaste o passo e, embora te quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.

  É possível tenhas suposto que desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina em oficina...

Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar dignamente o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade, e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados, acreditando-me vagabundo sem profissão.

Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitrine, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar malfeitor... Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a ideia do furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno à casa.

  Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse encostado ao poste; afastaram-se todas, com manifesto desprezo, contudo, não tive coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento há três dias...

  A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio, que ainda sou teu irmão.

CRÔNICA

A menina e o cão

Por: Autoria desconhecida

Uma menina entra na lojinha de animais e pergunta o preço dos filhotes à venda.  

– Entre cem e trezentos reais, respondeu o dono.

A menina puxou uns trocados do bolso e disse:

– Mas eu só tenho dez reais. Poderia ver os filhotes?

O dono da loja sorriu e chamou Princesa, a mãe dos cachorrinhos, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pelo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, com dificuldade, mancando de forma visível.

 A menina apontou aquele cachorrinho e perguntou:

 – O que é que há com ele?

 O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, mancaria e andaria devagar para sempre.

 A menina se animou e disse com enorme alegria no olhar:

 – Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!

 O dono da loja respondeu:

 – Não, você não vai querer comprar esse. Se quiser realmente ficar com ele, eu lhe dou de presente.

 A menina emudeceu e, com os olhos marejados de lágrimas, olhou firme para o dono da loja e falou:

 – Eu não quero que você o dê para mim. Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou dez reais agora e mais dez reais por mês, até completar o preço total.

 Surpreso, o dono da loja contestou:

 – Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos.

A menina ficou muito séria, acocorou-se e levantou lentamente a perna esquerda da calça, deixando à mostra a prótese que usava para andar. Olhou bem para o dono da loja e respondeu:

– Veja, não tenho uma perna, eu não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém como ele.

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