CRÔNICA: Luz na escuridão - Por: Willian J. Bennett

CRÔNICA: Luz na escuridão - Por: Willian J. Bennett

A história real de uma criança cega que, com perseverança e inteligência, mudou o mundo

A história real de uma criança cega que, com perseverança e inteligência, mudou o mundo

Publicada há 1 ano

MINUTINHO

Na hora do silêncio

Por: André Luiz/Antônio Baduy

Quando te encontrares em qualquer dificuldade emocional, recorda o silêncio como instrumento divino de construção e paz.

Se indeciso, ele te ajudará a fortalecer a ideia de maior equilíbrio.

Desacreditado, ele te ajudará a reconhecer que o mais importante é acreditares em ti mesmo.

Injuriado, ele te ajudará a continuar apesar dos espinhos.

Vencido, ele te ajudará a refazer as forças.

Revoltado, ele te ajudará a entender o valor da resignação no processo de auto-aprimoramento.

Ressentido, ele te ajudará a lutar contra o melindre.

Injustiçado, ele te ajudará a perceber que o perdão rompe a cadeia do mal.

Incompreendido, ele te ajudará a sustentar a paciência.

Estando em dificuldade emocional, pensa um pouco mais antes de qualquer atitude impetuosa.

Recorda que, diante de Pilatos, o silêncio de Jesus representou a vitória do bem imperecível sobre a incompreensão transitória.

CRÔNICA

Luz na escuridão

Por: Willian J. Bennett

Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. Sonhava em quando crescesse, ser igual ao pai. E, tentando imitá-lo, tomou um instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo, inutilizando-o para sempre.

Algum tempo após, uma terrível infecção atingiu o olho direito. Resultado: - o menino ficou totalmente cego. 

Com o passar dos anos, embora se esforçasse para se recordar as imagens foram gradualmente desaparecendo e ele não se lembrava nem mais mesmo das cores. 

Contudo, apesar das dificuldades, aprendeu a ajudar o pai na oficina, fazendo ferramentas e peças de couro. Também ia para a escola diariamente, onde todos o admiravam, devido a sua pródiga memória. 

Mas, na verdade, ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler livros. Queria escrever cartas, como os seus colegas. 

Certo dia ouviu falar de uma escola para cegos. Aos dez anos então, Louis migra para Paris, levado pelo pai, onde se matricula no Instituto Nacional para Crianças Cegas. 

Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. Mas logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara. Em pouco tempo o menino já tinha lido tudo que havia na biblioteca. 

Queria mais! Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. E o amor à música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais. Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema. Foi quando ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. 

Louis Braille. Imagem: Ilustração

A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz. 

Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto. Foi então que procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara quando pequeno na oficina do seu pai.

Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por água abaixo. 

Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. Os meninos do instituto se interessavam. À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. 

O método Braille estava pronto! O sistema permitia também ler e escrever música. A ideia acabou por encontrar aceitação. 

Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: - Tenho certeza de que minha missão na Terra terminou, afirmou.

Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu. 

Nos anos seguintes a sua morte, o método se espalhou por vários países, até que finalmente foi aceito como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não enxergam. Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.


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